AS TRÊS MARIAS
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Por Olavo Nascimento
NOITE DAS BRUXAS
Maria Cristina, Maria Rosa e Maria Augusta resolveram incrementar aquele dia 31 de outubro. Um dia de "Halloween" para ninguém botar defeito.
As três eram amigas inseparáveis desde à época de faculdade, formaram-se juntas em medicina há cinco anos e nunca mais se desgrudaram. Três mulheres lindas de meia-idade, inteligentes, liberais e bem valorizadas em suas profissões, que resolveram praticar naquela noite mascarada, seus estudos curriculares em anatomia.
Para que isso acontecesse, as fantasias escondiam seus rostos e eram bem sugestivas para o que elas pretendiam para o episódio macabro. Senão vejamos:
-- Maria Rosa era a "ABELHA-RAINHA" apresentando-se com uma roupagem verde-garrafa em cetim escuro e brilhante, calça comprida até os pés, casaco com mangas até às mãos, luvas e sapatos na mesma cor. A máscara desenhada com a cabeça de uma abelha, encobria todo o seu rosto, deixando à mostra seus olhos claros e um sorriso encantador;
-- Maria Augusta era a "LOUVA-A-DEUS" e chegou arrasando com os seus trajes de fêmea do inseto com todos os seus apetrechos e malvadezas. Sua roupa com pontos recortados e livres deixava à mostra um corpo curvilíneo e apetitoso por trás de algumas peças em verde claro-fosco. Sua máscara, também redesenhada com algo parecido a gafanhoto, escondia a beleza de seu rosto de modelo fotográfico;
-- Maria Cristina era a "VIÚVA NEGRA" e chegou a amedrontar com a sua vestimenta cheia de teias e garras duma aranha assassina. Como não poderia deixar de ser, a sua fantasia era de uma negritude apavorante numa roupa cobrindo tudo como um lençol preto de fantasma. A máscara era um retrato fiel e perfeito do aracnídeo que escondia uma face terna, simpática e glamourosa duma mulher atraente e sensual.
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... E assim, elas entraram na festa naquele casarão alugado para tal fim, com suas entradas permitidas por pagamentos delas próprias. Portanto, não eram convidadas e nem responsáveis pelo evento sinistro e comemorativo das bruxarias de mulheres horrorosas voando sentadas numa vassoura.
Elas chegaram juntas por volta das 22:00 hs e juntas ficaram por fazer parte de seus planos. Aos poucos, o enorme salão decorado com figuras horrendas foi ficando concorrido com homens e mulheres camuflados para não serem reconhecidos. Bebidas de todos os gostos, músicas trepidantes levadas ao ar por conjunto que se apresentava num palco improvisado e danças sensualizando desejos, não deixavam ninguém quieto.
Por não se separarem em nenhum momento, bebendo, dançando ou cantarolando as músicas, as moças foram alvo de três rapazes que também chegaram juntos. Um deles se aproximou e convidou-as para uns drinques em suas companhias. Era o que elas esperavam e que eles nem imaginavam. Os rapazes eram conhecidos da casa e sempre frequentavam as suas festas. Moravam perto do lugar e o proprietário da mansão costumava dar-lhes algumas mordomias e descontos nos ingressos. E como das vezes passadas, quando as festas varavam a noite, o trio iria pernoitar em alguns dos quinze dormitórios do ambiente. E isso foi o que melhor poderia ocorrer para as três doutoras em anatomia.
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Após muita bebida pra eles e nem tanto pra elas, gingados e arrasta-pés com cantadas por baixo dos ouvidos das moçoilas, o convite que elas esperavam aconteceu. Antônio, o mais saidinho dos rapazes deu a dica para Maria Cristina: -- Estamos autorizados para depois da festa, a pernoitar em três quartos separados lá em cima. Vocês querem nos fazer companhia?
-- Talvez seja uma boa. Já é de madrugada e estamos cansadas. Mas preciso conversar com as outras. Retrucou a rapariga, sem esconder um sorrisinho maroto no canto da boca. E os rapazes vibraram quando ela trouxe o sim das cúmplices.
Os três casais ainda fantasiados, saíram abraçados e ao subir o lance de escadas, Antônio provocou Cristina: -- Vou tirar a minha VIÚVA NEGRA do atraso...
-- Sim - retrucou Cristina - desde que você e os seus amigos nos invadam com fantasia e tudo.
Para tanto, com seus amigos já sabendo deste detalhe esquisito exigido por Cristina, Antônio ocupou um quarto com ela, Alberto se agarrou à Rosa e Fábio enlaçou Augusta para o seu canto.
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A partir daí ninguém ficou sabendo como aconteceram os crimes e quem seria os assassinos. As cenas horríveis só foram descobertas na parte da manhã quando a turma da limpeza chegou. Os três rapazes foram assassinados de forma brutal e os autores não identificados. As moças, logo após as matanças, tiraram suas fantasias e esconderam-nas em sacolas plásticas junto com as armas. Desceram antes do amanhecer com roupas normais e caras limpas. Não havia mais ninguém no ambiente vazio e elas chegaram à rua em gargalhadas e eufóricas por terem alcançado com êxito aquele plano macabro,
A polícia foi chamada e chegou em grande aparato. A notícia vazou para os meios de comunicação e os peritos constataram que os rapazes foram mortos logo após o ato sexual e dopados com bebidas batizadas ou drogas entorpecentes. E concluíram com os seguintes laudos:
-- Antônio, que pensava em tirar o atraso da VIÚVA NEGRA, foi encontrado nu com a barriga aberta sem o fígado e o coração. Provavelmente foi dopado e morreu como o macho da aranha mortífera que mata o seu parceiro após o coito e come suas partes como canibal. Os dois órgãos da vítima não foram encontrados;
-- Alberto foi encontrado com uma ínfima perfuração ainda jorrando pouco sangue na jugular, provavelmente causada por seringa injetável com veneno. Ele foi envenenado como um zangão após o coito com a sua ABELHA-RAINHA;
-- Fábio teve o quadro mais horripilante ao ter a sua cabeça decepada e jogada ao chão. Um corpo todo ensanguentado e sem cabeça, causou náuseas até nos peritos acostumados com cenas de crimes. Morreu como o macho da LOUVA-A-DEUS que decepa a cabeça do macho após o gozo.
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As moças voltaram para a casa de uma delas que morava sozinha e queimaram todos os indícios de seus crimes. As roupas, máscaras e indumentárias foram queimadas, viraram cinzas e ensacadas para os lixeiros. As armas, como o punhal usado por Cristina, a seringa com agulha utilizada por Rosa e a navalha amoladíssima portada por Augusta, foram destruídos e jogados na rede de esgoto.
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As investigações constataram através de testemunhos de alguns participantes do evento, que os rapazes se envolveram com três moças mascaradas e fantasiadas pelos insetos descritos, mas que em nenhum momento mostraram as suas caras. Notícias e reportagens da mídia vararam dias, semanas e alguns meses sem a descoberta das assassinas e até hoje os crimes não foram desvendados.
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N.A.: Os personagens aqui descritos tiveram seus nomes colocados em homenagem aos seguintes parceiros da minha escrita no Recanto das Letras: CRISTINA GASPAR, MARIA AUGUSTA DA SILVA CALIARI, ROSA ALVES, ANTÔNIO SOUZA, FÁBIO BRANDÃO e, ALBERTO LINS
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A TODOS, ABRAÇOS E MEUS AGRADECIMENTOS.
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22/07/2019 22:39 - Uma Mulher Um Poema
ResponderExcluirInteressante conto na homenagem que fez a esses talentosos amigos e seus parceiros no Recanto. Meus parabéns a todos e um grande abraço!
23/07/2019 11:09 - Antônio Souza
ResponderExcluirQue maravilha! - Um conto sensacional, embora macabro... rsrsr - Parabéns, antemão; a narrativa foi perfeita e o suspense também, era de se esperar algo sinistro, mas foi além das expectativas, a combinação dos fatores foi excelente. Muito grato pela homenagem, seu talento é incontestável. Meu abraço seguido de grande admiração. Coitado do Fábio... rsrsr e de todos nós... rsrsr (a gente só queria se dar bem... rsrsr) - Aplausos Mestre. Valeu!
23/07/2019 16:17 - Fábio Brandão
ResponderExcluirSoube desenvolver um enredo intrigante, interessante e com um desfecho que não esperava...Um abraço e felicidades...
23/07/2019 21:19 - Cleir
ResponderExcluirQue maravilha de inspiração, meu nobre Poeta Olavo. Ficou excelente. Levanto-me para aplaudir. Meu carinhoso abraço...
24/07/2019 20:00 - Cristina Gaspar
ResponderExcluirAdooorei ser uma Viúva Negra, gostei do conto, da homenagem neste conto de festa macabra com uma narrativa fluida e deliciosa, parabéns, obrigada de novo, abraços fraternos de luz, fique por Deus inspirado e protegido. Maria Augusta e Rosa também arrasaram na maldade. Por coincidência publiquei um continho de amor agorinha mesmo, desta feita a Rosa é personagem.
24/07/2019 20:54 - Rosa Alves
ResponderExcluirBoa noite, querido poeta Olavo! Quanta imaginação, criatividade! Gostei demais da ABELHA-RAINHA! Puxa vida, como fui má , não conhecia esse meu lado macabro, sabe que até gostei? Rsrs. Não quero voltar pra realidade, esse mundo aí apesar de tudo, está bem melhor rsrs. Grata de coração pela homenagem! Senti-me honrada! Afetuoso abraço! Como disse Cristina, arrasamos na maldade...rsrsrs
25/07/2019 11:37 - Heloísa Mamede
ResponderExcluirUm conto magnífico que prende a nossa imaginação até no final. Parabéns querido Olavo. Abraços saudosos.
25/07/2019 21:35 - Marisa Costa
ResponderExcluirSuper inspirado, um enredo com todos os ingredientes que caracterizam um conto excelente. Parabéns, Mestre Poeta Olavo, um grande abraço.
26/07/2019 09:21 - Sandra Rosa
ResponderExcluirOi Olavo! Bom dia! Realmente um terrível texto polícia bárbaro de verdade. Me senti assistindo um episódio da série Criminal mindes, se dar medo! Maravilha a homenagem aos recantistas-personagens! Aplausos!
26/07/2019 20:16 - Maria Augusta da Silva Caliari
ResponderExcluirArrasou.Amei essa beleza de inspiração,menino poeta. Pobre Fábio!Uma página especial que nos faz chegar ao final para saber do desfecho.Obrigada por me incluir neste macabro conto.Tua ideia foi genial.Bjs neste coração lindo e belo final de semana sem festa macabra,viu?kkkkkkkk!
28/07/2019 13:08 - ERCalabar
ResponderExcluirQue belo e macabro conto! Uma história perfeita nos seus mínimos detalhes; princípio, meio e fim... Parabéns, poeta!!!
28/07/2019 21:47 - Lucas José
ResponderExcluirQuem disse que a verdade sempre aparece precisa ler este conto de terror, muito bem elaborado, parabéns, poeta
29/07/2019 01:44 - Alberto Valença Lima
ResponderExcluirMeu caro poeta e amigo Olavo, muito interessante e fantástico o seu conto mas, não é o meu gênero preferido. Na verdade, não gosto desse tipo de conto. Só o li em atenção a você mas, não costumo ler esse tipo de literatura. Agradeço pela sua homenagem, mas isso jamais aconteceria comigo. Simplesmente porque não me interesso por outras mulheres. Já tenho uma escolhida, a quem dedico o meu amor. Deixo meus abraços poéticos e votos de uma excelente semana.